Silvio,
Até pouco tempo atrás, as ciências sociais sempre se concentrou na ação dos seres humanos, considerando assim como passivos todos os não-humanos (objetos, equipamentos, animais de todos os tipos, vegetais, artefatos de modo geral, etc.) com os quais os humanos interagem. Enquanto passivos, não são dignos de destaque na análise da ação social. Este era o único ponto de vista de todas as correntes das ciências sociais.
Entretanto, o desenrolar da sociedade impactada pela tecnociência fez emergir há pouco tempo abordagens que põem em destaque as imposições, processos, impactos e consequências da "ação" dos não-humanos sobre a própria ação humana, descortinando assim novos posicionamentos e métodos de geração de conhecimento sobre a sociedade atual que reconhecem a agência dos não-humanos. Veja, por ex., a introdução da tecnologia da informação nas nossas vidas cotidianas e, principalmente, no trabalho nas organizações; podemos, hoje, trabalhar sem esses artefatos e sem seguir a sua lógica?
O primeiro autor de renome mundial que sistematizou essa nova visão da ação social foi Bruno Latour, com a denominada Teoria do Ator-Rede. A sociologia pragmatista, enquanto abordagem científica, também adota seriamente tal posicionamento. É quase que uma "revolução" nas ciências sociais.
Anexo uma interessante tese em adm. defendida no mês passado em SP, da qual participei da banca. O autor analisa, com base em Latour, uma organização (oficina mecânica) situada em Teresina. Vale consultar.