Silvio,
Sobre o conceito de "código", em primeiro lugar, vejo como uma criação do próprio autor, um recurso de linguagem via analogia, já que não vi em outro texto o emprego dessa ideia como um conceito. Percebi que ele usa essa analogia para escapar de duas visões distintas de explicação das semelhanças das instituições e, consequentemente, da sua administração. O autor usa a ideia de "código" tanto para reconhecer que as instituições e a administração reproduzem as bases estruturais da sociedade onde elas funcionam (porém sem simplesmente praticar o mimetismo), mas também elas engendram formas e lógicas específicas de ação dos grupos sociais que as compõem (assim, ele escapa ao determinismo mecanicista do marxismo). Nessa construção teórica, o autor aplica um refinamento interessante: usa o termo "reprodução", mas não insiste com ele, pois em seguida muda para "tradução", ora, traduzir é mais do que simplesmente "reproduzir". Daí, a analogia do "código" soa para mim bastante criativa, pois o código veicula, representa, mas não é, em si, a mesma coisa que ele traz na sua base; o código exige um processo de desdobramento, de mediação para ser utilizado na ação (mesmo que tal ação seja uma operação intelectual). Assim, considero essa analogia um refinamento intelectual e um recurso de linguagem inteligente e criativo.
No que concerne à derivação conceitual no texto de Audet & Déry, eles se referem a dois movimentos recentes no campo: a) considerar todos os membros de uma organização como "produtores de conhecimento", num sentido amplo de conhecimento que inclui o conhecimento prático, tácito, muito importante para organizações produtivas; essa consideração acaba gerando derivações conceituais no âmbito da cognição, tais como "aprendizagem organizacional", "cognição distribuída", "knowing", "organizing", com abordagens que pretendem explicar e compreender tais processos; b) estender a discussão epistemológica às diversas áreas específicas da administração, como o marketing, finanças, etc. Os autores identificam esses movimentos e arriscam uma tendência: os praticantes dependerão bem menos dos pesquisadores, pois estes últimos não teriam mais o monopólio da geração de conhecimento válido e útil, dada a evolução tecnológica na contemporaneidade.