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Sobre a questão do papel da ação

 
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Sobre a questão do papel da ação
por Lourenço Kawakami Tristão (202000796) - Monday, 13 Apr 2020, 22:09
 

Os textos da aula 9 tocam bastante na questão da ação, colocando ainda este conceito como central para as ciências da gestão.

A minha dúvida diz respeito ao efeito sobre o conhecimento epistemológico de colocar-se a ação em uma posição central. O que compreendi, e peço desculpas se compreendi errado, é que a ação do ponto de vista construtivista acaba tornando a epistemologia mais tautológica, ou seja, enquanto as epistemologias positivistas focavam mais na ideia de causa eficiente, as epistemologias construtivistas focariam mais na ideia de causas finais? Neste sentido, as ciências sociais começariam, a partir do construtivismo, a perceber e discutir mais a intencionalidade da ação; enquanto antes, no positivismo, existia uma perspectiva mais determinista da ação? 

Eu estudando
Re: Sobre a questão do papel da ação
por Silvio de Freitas Barboza (202000641) - Friday, 17 Apr 2020, 12:50
 

Salve, Lourenço.

Boa tarde!

Pelo que entendi, o construtivismo é mais uma abordagem gnosiológica (que o professor nos ajude). Como o professor colocou em uma de suas respostas: “uma forma de pensar o mundo, a realidade, a vida e, consequentemente, a criação de conhecimento”, que coloca o sujeito como elemento central desse processo de construção do conhecimento (em oposição ao positivismo que exclui qualquer possibilidade de participação ou interação do sujeito com o objeto).

A hipótese teleológica (colocada por Le Moigne), indica que a intencionalidade ou a finalidade do ato cognitivo do sujeito não deve ser ocultada ou negada (em oposição ao positivismo que pregava a total isenção ou neutralidade do sujeito).

O texto de Grilases da “aula 10” coloca “a ação do sujeito” como objeto de estudo da administração, e essa ação deve ser compreendida e analisada considerando a complexidade de sua natureza.

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Re: Sobre a questão do papel da ação
por Mauricio Roque Serva de Oliveira - Friday, 17 Apr 2020, 13:04
 

Lourenço,

A ação é central sim em diversas visões e abordagens do conhecimento, embora nas visões mais tradicionais o conhecimento seja radicalmente separado da ação (este é o ponto de vista positivista).

Nesta última visão, a geração do conhecimento se faz separada da ação, o conhecimento é uma operação mental do ser humano, obtido via uma representação da realidade, daí a modelização, e depois a experimentação, dentro de um protocolo prévio formalizado mentalmente, sendo a matemática a sua base fundamental. Nesse sentido, o pesquisador deve ter o maior distanciamento possível do objeto durante todo o processo de criação de hipóteses, modelos, aplicação de teorias, etc. Todo o aparato quantitativo, por ex., deve ter o objetivo principal de estabelecer uma relação de representação e distanciamento vivencial/existencial do pesquisador com relação ao seu objeto. Nessa perspectiva, a questão da intencioanlidade é severamente simplificada, ao adotar-se o causalismo linear (lógica formal simples: causa-efeito numa dinâmica de direção única).

Já numa perspectiva "construtivista" ou mais ou menos compatível com esta, a intencionalidade é encarada mais intensamente, ao considerar como prioridade nessa questão a causalidade múltipla, recursiva, dialética e, portanto, muito mais complexa que o causalismo linear da lógica formal. No pragmatismo, por ex., os fins são muito importantes (pois a ação é considerada como fundamental para gerar o conhecimento), porém não determinados para sempre a priori, os fins são modificados ao longo da ação, os quais são alterados na dinâmica que se estabelece durante o processo do conhecimento; os resultados da investigação são sempre parciais, cada novo resultado/conclusão acaba sendo abertura de novo questionamento e premissas/questões/objetivos para a nova investigação e experimentação, daí a lógica circular que Grisales cita.