Lourenço,
A ação é central sim em diversas visões e abordagens do conhecimento, embora nas visões mais tradicionais o conhecimento seja radicalmente separado da ação (este é o ponto de vista positivista).
Nesta última visão, a geração do conhecimento se faz separada da ação, o conhecimento é uma operação mental do ser humano, obtido via uma representação da realidade, daí a modelização, e depois a experimentação, dentro de um protocolo prévio formalizado mentalmente, sendo a matemática a sua base fundamental. Nesse sentido, o pesquisador deve ter o maior distanciamento possível do objeto durante todo o processo de criação de hipóteses, modelos, aplicação de teorias, etc. Todo o aparato quantitativo, por ex., deve ter o objetivo principal de estabelecer uma relação de representação e distanciamento vivencial/existencial do pesquisador com relação ao seu objeto. Nessa perspectiva, a questão da intencioanlidade é severamente simplificada, ao adotar-se o causalismo linear (lógica formal simples: causa-efeito numa dinâmica de direção única).
Já numa perspectiva "construtivista" ou mais ou menos compatível com esta, a intencionalidade é encarada mais intensamente, ao considerar como prioridade nessa questão a causalidade múltipla, recursiva, dialética e, portanto, muito mais complexa que o causalismo linear da lógica formal. No pragmatismo, por ex., os fins são muito importantes (pois a ação é considerada como fundamental para gerar o conhecimento), porém não determinados para sempre a priori, os fins são modificados ao longo da ação, os quais são alterados na dinâmica que se estabelece durante o processo do conhecimento; os resultados da investigação são sempre parciais, cada novo resultado/conclusão acaba sendo abertura de novo questionamento e premissas/questões/objetivos para a nova investigação e experimentação, daí a lógica circular que Grisales cita.