Bom dia, professor e colegas
O texto de Grisales me fez refletir sobre a forma como o Governo Federal tem realizado a gestão da crise de Covid19. Não preciso dizer que se trata de um exemplo negativo, de como não fazer. Ontem, por exemplo, o Min. da Saúde foi demitido, porque não obedeceu as ordens insanas do Pr.
As relações que faço dizem respeito a questão das racionalidades e também da causalidade.
Sobre as racionalidades, é interessante que Grisales realiza uma discussão do problema de forma muito similar a Guerreiro Ramos, embora não tenha se referido a ele no texto. Entretanto, ambos recorrem a autores comuns, como Horkheimer e Weber, e chegam a conclusões similares. O importante é a diferenciação entre a racionalidade instrumental, predominantemente econômica, e outras racionalidades mais substantivas, éticas, histórico-culturais, etc. Neste sentido, viu-se que o embate na crise de Covid19 aqui no país ocorreu explicitamente sobre essas duas racionalidades, de um lado a defesa da economia (alguns empresários chegaram a realizar a algebra das mortes, afirmando que 6000 ou 7000 mortos não podem ser razão para o fechamento do comércio); de outro lado uma defesa mais substantiva, ética, valorizando a vida de forma ampla e não quantificável.
Sobre a causalidade, verifica-se a diferença entre o pensamento publico em geral (na qual se incluem todos os governadores, entidades internacionais como a OMS, os meios de comunicação, os cientistas, etc.), e a forma de pensar do Pr. Essa diferença de pensar se torna irrefutável com a demissão do Min. da Saúde. O pensamento do Pr é de causalidade linear, em consequência disso ele crê que por ser o Chefe de Estado seus subordinados lhe devem obediência absoluta, hierarquizando verticalmente as decisões, uma relação linear de poder. Por outro lado, uma visão complexa da causalidade, sugeriria que embora o Pr seja o Chefe de Estado ele possui um poder parcial, na qual a decisão não pode ser tomada somente considerando a ordem hierárquica vertical linear (Min. da Saúde obedece Pr); mas depende sim de uma ordem hierárquica horizontal complexa, que necessita reconhecer a autoridade de outras entidades para além da presidência, neste caso específico, principalmente a decisão dos governadores e dos cientistas (cuja representação maior é a OMS e os pesquisadores do tema).
Fiquem à vontade para comentar, discordar, etc., da reflexão. Grande abraço a todos.