Luciano,
Sim, o trabalho de Bourdieu torna transparente o campo científico como qualquer outra esfera pública, ou mesmo "arena pública" (numa perspectiva pragmatista, com suas controvérsias e disputas), com seus embates, poderes e interesses. Como disse na vídeoaula, ele também estudou o campo das artes plásticas e o da alta costura na França.
Contudo, Bourdieu defende, com muita propriedade, que no campo científico não é somente poder e interesses, mas também conhecimentos científicos em si: "uma análise que tentasse isolar uma dimensão puramente 'política' nos conflitos pela dominação do campo científico seria tão falsa quanto o parti pris [tomar partido] inverso, mais frequente, de somente considerar as determinações 'puras' e puramente intelectuais dos conflitos científicos" (p. 124). Sua visão é complexa e mista, assim como, creio, a própria realidade do campo se apresenta.
Quanto às alternativas que você se refere, Luciano, eu creio muito nelas, tenho pautado toda a a minha vida na ciência na busca e, principalmente, na concretização de alternativas. Todavia, justamente por me dedicar a isso, reconheço que não é nada fácil, nem simples, pois como você mesmo diz há "barreiras duras a ultrapassar". Porém, vou em frente, vamos em frente, as opções somos nós mesmo que fazemos, tenho ouvido e concordo que "somos as nossas próprias escolhas".